Ônibus Municipal – Forma de Cobrança

Ônibus Municipal – Forma de Cobrança

09/05/2022 Off Por Sandro Múcio

Um dos grandes problemas do transporte público em Natal chama-se custo. Boa parte dos empresários reclamam que o serviço tem um custo maior que o pago pelos passageiros. Linhas deficitárias. Se o preço da passagem aumenta sacrifica a população. Se a passagem fica no mesmo valor, os empresários entregam as linhas de menor movimento exatamente por ter um custo muito alto.

Tendo em vista que o objetivo é prestar um serviço essencial para a população e que essa obrigação deve ser executada pelo poder público municipal, coloco meus dois centavos de opinião.

Inicialmente precisamos de um levantamento completo das linhas, percursos e frequência de todas as linhas do município. Essa informação já deve existir na prefeitura. Da mesma forma, dentro de cada linha, precisamos saber a quantidade de passagens executadas separadas pelo tipo de usuário, seja ele trabalhador, estudante, idoso e demais beneficiários de isenções ou reduções nos valores pagos.

Com esse levantamento feito em planilhas, podemos saber sobre os valores recebidos em cada linha e se realmente essas linhas têm prejuízos ou lucros. Nesse momento podemos propor uma nova forma de cobrança e remuneração aos empresários do transporte público municipal.

Precisamos nos atentar que os custos do transporte público passam por salários, encargos sociais, combustíveis, manutenção da frota e dos corredores de ônibus e pontos de paradas. Portanto, os valores recebidos dos passageiros devem cobrir todas essas despesas e finalmente trazer algum lucro para os empresários do setor.

Tendo de um lado os custos e do outro lado os valores recebidos temos o confronto e o que sobra transforma-se em lucro ou prejuízo.

Pensando aqui com meus botões: E se no lugar de cobrar por passageiro, os empresários forem remunerados por quilômetro rodado pelos seus ônibus? Se vamos pagar por quilômetro rodado, não há que se falar em prejuízos. Por óbvio, o quilômetro rodado irá remunerar o empresário para que ele possa cobrir todas as despesas e ainda auferir algum lucro no seu negócio. E quem vai pagar esse quilômetro rodado? Os mesmos passageiros que usam o sistema hoje. Porém com uma camada a mais de verificação dessas despesas.

Hoje em dia, criar um aplicativo de rastreio dos ônibus usando um chip de celular com um GPS para registrar cada quilômetro rodado por cada ônibus em suas viagens dentro da cidade e ainda servir para localizar imediatamente cada um dos veículos não será difícil. Usando essa informação, podemos aproveitar esse mesmo aplicativo e informar aos passageiros sobre seu ônibus. Quanto tempo até ele chegar na parada e com isso regular o tempo de espera dos passageiros. É simples? Acho que sim. Aplicativos de transporte de passageiros existem aos montes. Basta definir algumas poucas regras de negócio dentro desses aplicativos e teremos essa informação.

Para evitar o uso inadequado das passagens, quem vai fornecer os tickets de passagem será prefeitura. Abastecer cartões ou aplicativos com créditos será uma obrigação da prefeitura. Idosos abastecerão seus cartões de passagem e esses cartões serão usados da forma que hoje já o fazem passando o cartão no leitor de passagem juntamente com a digital. Assim, só quem vai poder usar a gratuidade será o próprio idoso. Da mesma forma, os estudantes vão poder fazer uso dos cartões com suas digitais.

E quem não souber usar os aplicativos? Vai poder se deslocar até uma banca de revistas e abastecer seu cartão da mesma forma que hoje fazem com seus celulares pré-pagos. Estudantes que não têm créditos no cartão poderão apresentar o cartão de passagem e digital no leitor do ônibus ao mesmo tempo que pagam metade da passagem ao motorista. Esse será o único momento que o motorista precisará manipular valores.

Mas se o passageiro faz o abastecimento de seus cartões na prefeitura ou em postos dentro de bancas de revista pagando à prefeitura, como o empresário vai pegar no dinheiro? Semanalmente, diariamente, quinzenalmente, mensalmente, (não importa a frequência) o empresário vai apresentar as planilhas de viagens juntamente com os valores recebidos e as passagens utilizadas em seus veículos. Confrontados com os dados dos GPS’s dos ônibus, a prefeitura vai descontar o que já foi recebido pela empresa de ônibus e vai pagar os quilômetros rodados no período.

Por outro lado, a prefeitura vai poder verificar se o valor da passagem cobre todas as despesas da prefeitura com a manutenção dos servidores, aplicativos, GPS’s, corredores de ônibus e pontos de parada. Além de pagar as empresas de ônibus.

Como consequência desse modelo, teremos que as empresas não vão se negar a colocar ônibus nas linhas porque quanto mais rodarem, mais serão remuneradas. As prefeituras terão que limitar a quantidade viagens para que os ônibus não rodem sem passageiros.

Os passageiros terão oferta de linhas, previsão de chegada de suas viagens, planejamento mais elaborado de seus movimentos entre a casa e o trabalho.

Sem contar que assaltos à ônibus serão coisa de um passado distante. Afinal, não teremos dinheiro circulando dentro dos veículos.